quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Estrela Dourada



Olá meus amigos! Um post especial! Compartilho com vocês uma alegria! Obrigados a todos que me lêem, pois é graças a vocês que minha literatura se realiza! Segue abaixo a notícia da Câmara Brasileira de Jovens Escritores...





"Autores estrelados"
A partir das edições de Agosto/2009, a CBJE passou a identificar alguns autores nas listas dos selecionados para cada antologia, com dois tipos de estrelas:
 Estrela dourada - identifica o autor que já ultrapassou a marca de 50.000 leituras nas nossas Antologias on line, desde Maio/2008;
 Estrela prateada - identifica o autor que tenha ultrapassado a marca de 5.000 leituras nas nossas Antologias on line, nos últimos três meses. Nota: Não são identificados com a estrela prateada os autores que já tenham a estrela dourada.




 Marco Hruschka (26/08/1986) - Maringá / PR

sábado, 22 de agosto de 2009

Ressurreição

Ouçam essa melodia e leiam o conto, talvez cause algum efeito, talvez tenha uma relação, talvez realce a (in)tens(ç)ão do conto. Obrigado!



Recuso-me a versar nesse papel. Será uma pseudo-prosa, indecisa, sem aqueles cuidados com o uso da boa palavra, o habitual rebuscamento, a metáfora que abre as portas ao subjetivismo, o lirismo que trás o belo. Não sei, quero apenas dizer o que estou sentindo. Se o rumo mudar, paciência! Quem disse que meus sentimentos são constantes?!
É assim que vai ser. Como eu ainda insisto num sentimento que já não deveria mais ter forças para subsistir? Basta! Deve acabar! Como se a vida não fosse um ciclo onde tudo começa e termina, eu ainda penso nela, mesmo sabendo que nossa história já aconteceu. Por que eu ainda quero que seja? Mais e mais e mais... Chega! Sabe aquele fantasma que fica escondido à espera de uma chance para agir? Ele vem para ofuscar a minha visão, já obnubilada, com seus espectros místicos de ser indecifrável. Pois é, ela o é, mesmo sem saber e querer. Será? Já não sei, tudo é confuso, difuso, obscuro. Quero a leveza de não amar!
E se não a amasse, meus pensamentos diários teriam um rumo certo, não escreveria sobre o amor, e, consecutivamente, sobre as desilusões, as desesperanças, a tristeza, o breu de uma existência na dependência de outro ser. Quero ser-me, e só! E os pensamentos noturnos, esses não seriam sonhos nostálgicos, lembranças de um tempo acabado, ou melhor, um tempo que hoje acaba comigo. Se olho uma flor, é sua face semi-rosada, se toco essa face, é sua pele que me afaga, e minhas mãos que se arrepiam de ternura; se, por acaso, a brisa é fresca e cheirosa, sinto saudades do hálito morno de sua boca em meus ouvidos, a sussurrar seus desejos de mulher; e se, ainda...
Faz frio agora... de um gris europeu. Ali no canto, quase atrás da cortina, há um garotinho agachado, trêmulo, assustado. Olha uma sombra quase sem vida tocando um piano de cauda velho, cheio de poeira. As notas são tensas, porém melodiosas. O menino, que agora verte uma lágrima em mi-bemol, sou eu; e o que ele olha é o que me torno a cada dia.
O coração não mais bate senão por uma nesga, um sopro, um lampejo de ser-se. Assim como as estrelas abrilhantam a madrugada, seu cheiro revivifica minha alma, que já flutua para não mais voltar. Habitará agora o surreal e, de lá, destilará poesia em forma de zéfiros suaves em seus ouvidos, estarei em si enquanto ser a sonata que percorre seus anseios, suas saudades, seus sonhos. E lembrará de mim, pois serei a imagem refletida no espelho, sorrindo, admirando-a. E ser-me-á, pois se unirá ao sentido extra-vital de si mesma, a luz de meus olhos.
Mas é preciso reciclar e é por isso que vou me desprendendo aos poucos, para poder voltar completo mais adiante, assim como a natureza primaveril. Sou neste instante a folha seca que paira ao vento. Mas depois verdejarei como nunca! O sol me contemplará e beijarei a bruma fresca, cantarei o hino da liberdade de meu coração. Sorrirei para os céus e agradecerei a ressurreição. Vou caindo, deslizando em movimentos de vai-e-vem. Toco o chão e já não sou. Lá do céu, ouve-se o eco de minhas preces e Deus a abençoar a minha morte.


Marco Hruschka


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A força do Sangue!!!

O sangue em Chiapas

By José Saramago

Todo o sangue tem a sua história. Corre sem descanso no interior labiríntico do corpo e não perde o rumo nem o sentido, enrubesce de súbito o rosto e empalidece-o fugindo dele, irrompe bruscamente de um rasgão da pele, torna-se capa protectora de uma ferida, encharca campos de batalha e lugares de tortura, transforma-se em rio sobre o asfalto de uma estrada. O sangue nos guia, o sangue nos levanta, com o sangue dormimos e com o sangue despertamos, com o sangue nos perdemos e salvamos, com o sangue vivemos, com o sangue morremos. Torna-se leite e alimenta as crianças ao colo das mães, torna-se lágrima e chora sobre os assassinados, torna-se revolta e levanta um punho fechado e uma arma. O sangue serve-se dos olhos para ver, entender e julgar, serve-se das mãos para o trabalho e para o afago, serve-se dos pés para ir aonde o dever o mandou. O sangue é homem e é mulher, cobre-se de luto ou de festa, põe uma flor na cintura, e quando toma nomes que não são os seus é porque esses nomes pertencem a todos os que são do mesmo sangue. O sangue sabe muito, o sangue sabe o sangue que tem. Às vezes o sangue monta a cavalo e fuma cachimbo, às vezes olha com olhos secos porque a dor lhos secou, às vezes sorri com uma boca de longe e um sorriso de perto, às vezes esconde a cara mas deixa que a alma se mostre, às vezes implora a misericórdia de um muro mudo e cego, às vezes é um menino sangrando que vai levado em braços, às vezes desenha figuras vigilantes nas paredes das casas, às vezes é o olhar fixo dessas figuras, às vezes atam-no, às vezes desata-se, às vezes faz-se gigante para subir às muralhas, às vezes ferve, às vezes acalma-se, às vezes é como um incêndio que tudo abrasa, às vezes é uma luz quase suave, um suspiro, um sonho, um descansar a cabeça no ombro do sangue que está ao lado. Há sangues que até quando estão frios queimam. Esses sangues são eternos como a esperança.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Gaia


Arrisco-me em mais um desafio poético: o eu-lírico feminino! Trata-se de uma influência de Chico Buarque que sabe muito bem transpor para sua arte os desejos e sentimentos da mulher. Falo de uma influência com relação ao ato de escrever com voz feminina, pois o Chico possui um estilo característico, o qual muito me apetece, mas que não consigo seguir por já possuir, eu também, um estilo próprio. Além disso, a letra musical e o poema utilizam de penas diferentes, cada um com sua intencionalidade. Espero que gostem!

Marco Hruschka




És meu porto, minha pátria, meu pai!

Um homem-pólo-oposto que sempre me atrai,

Uma selva cheia de atrativos temerosos,

Oceano vasto de quereres prazerosos...


É em tua mão forte e ágil que me realizo,

No toque firme, seguro, já não me responsabilizo,

Quero ser a pluma, o vento sulista, a ternura

Do afago que dá e que recebe, a chaga e a cura...


Em tua presença sou a terra fértil dos tempos de ouro,

A tradição do chinês, o charme francês e a força do mouro!

Madre natura, o âmago, o cio da terra em evolução,

O luar, o eclipse, a mudança repentina de estação...


Fecunda-me! Porque tu és o grão que gera a vida

E eu o vaso receptor do néctar, toda tua e embebida!

Lambuza-me! Se és o mel doce e denso agora meu,

Sorver-nos-emos lentíssimos e eternamente em apogeu...


Dar-te-ei o seio para que repouses sossegado,

Nuvem branca e de perfume natural, ó meu amado!

Às estrelas galgaremos, como duas almas a pairar,

Agora, fechemos os olhos e te mostrarei o que é amar...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Servos


Republico um de meus contos prediletos: Servos. Espero que releiam e que comentem, se assim desejarem. Um abraço!

Marco Hruschka


Na paragem, um homem bem portado, coluna ereta, olhar soberano, feição séria, fardado e com a mão direita no bolso do casaco tricolor espera a condução. Lentamente, aproxima-se outro homem, aparentemente maltrapilho, vestindo apenas uma túnica comprida de cor clara e sandálias. Possui barba e bigode compridos. O recém-chegado avista o oficial com olhos curiosos mas ao mesmo tempo receosos. Ao perceber que está sendo analisado, o cidadão de roupa nobre indaga:

- Que queres tu?

Após um breve silêncio reflexivo, ouve-se a resposta-investigadora:

- Quem tu és?

- Mas que disparate, como ousas tratar-me por tu? Indigente!

- Perdão, expressou-se, sem entender muito bem, o “mal vestido”.

- Isso mesmo que ouviste, sabes com quem falas?

- Não, foi exatamente o que lhe perguntei.

- Ora essa, estás a falar com Napoleão Bonaparte, comandante das tropas francesas que conquistaram a Europa.

Silêncio.

Um franzir de testa foi inevitável ao ancião. Admirou-se? Assustou-se? Será que teve medo ou rir-se-ia? E se realmente fosse quem tivera dito?

Refletiu sobre aquelas palavras e respondeu:

- Desculpe-me o abuso, mas, se tendes a Europa para vós, o que fazeis aqui, na paragem? Para onde irdes?

Sem perder a postura, levanta levemente o queixo e responde:

- Vou para a Lua!

A atmosfera toda se fazia confusa com aquela conversa, e o cidadão, curioso talvez, indaga-lhe novamente:

- Mas, enfim, o que desejais na Lua?

- Olho-a todas as noites e é como se ela me convidasse a conquistá-la, conquistá-la-ei, pois! Disse-lhe com a resposta na ponta da língua o utopista. Seria utopia?

- Mas chega de conversa fiada, quem pensas que és para querer saber de meus planos futuros? Inquiriu, quase que irado, o oficial.

- Chamam-me Sócrates, o sábio, mas prefiro ser somente Sócrates.

- Ah, Sócrates, o sábio, não é?! E o que sabes que eu não sei?

- Só sei que nada sei!

- Brincas comigo, intrépido?

- Não, não sou de muitas brincadeiras, mas digo-lhe a verdade.

O ambiente, por segundos, tornou-se taciturno. Os dois se entreolhavam sem se conhecerem, sem medo nem audácia. Enfim, para cortar aquele silêncio que incomodava a autoridade ali presente, esse perguntou:

- E tu, o que fazes aqui, para onde vais?

- Vou ao encontro de mim mesmo, responde o grisalho com um leve sorriso de complacência.

- Deveras me achas um ignorante! Explica-te ou mando prender-te!

- Não há motivo para tanta raiva, serei mais claro. Viajarei para dentro do meu “eu”, em busca de minha verdade.

- E achas realmente que passará uma condução cujo destino é “eu”?

- Com todo o respeito, não me entendes. Posso conseguir o que quero aqui mesmo, logo adiante, ou, sempre de modo mais rápido, em contato com a natureza, com a solidão de si próprio, basta uma revelação, a epifania, para que possamos entender o porquê de estarmos aqui e agora.

- Não me importam essas coisas, para mim, o que vale é liderar amparado em estratégias, conquistar, expandir o império.

- E a virtude?

- A virtude está no ato de vencer e ser admirado...

Sem ser percebido, aproxima-se um homem de aparência velha e respeitável e diz-lhes, pegando-os de surpresa:

- Tolos! Em verdade, em verdade vos digo: Nem um nem outro está livre do meu domínio, sois apenas instrumentos de minha vitória.

Aquele que mantinha a mão no bolso até então, indignado, pergunta-lhe logo:

- És quem, ó atrevido?

- Bento, João, Pedro, Clemente, Paulo, tenho vários nomes, escolham um, não importa. O que importa é que do meu trono dourado conquistarei o mundo. Nem o teu batalhão, que por sinal é mais meu do que teu, e nem a tua filosofia, nem aquele cidadão de aspecto oriental que trabalha ali, sem cessar, sem ser visto, ninguém poderá mudar o rumo do que é predestinado desde os primórdios. Meu reinado não é efêmero, é eterno. Sigam-me e os perdoarei.

E a alma do pequeno Estado jubilava... desde os primórdios.


PS: Foto Napoleão Bonaparte, por Jacques-Louis David.

Conto publicado na Antologia de Contos Fantásticos - Volume 18, pela CBJE

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Maringá, Paraná, Brazil
Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.

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