segunda-feira, 5 de maio de 2014

Nós, animais (resenha)

Poesia, animalidade, alma e consciência em "Nós, animais"
(Por Marco Hruschka)

A Evely Libanori é alguém especial para mim. Uma pessoa que admiro muito. Alguém que entende de Literatura. Alguém que ama os animais, mas que também ama os humanos. Nós nutrimos um carinho especial um pelo outro, somos bons amigos. Vou escrever algo sobre o livro que ela lança não somente pela relação que temos, mas pelo que a obra representa enquanto mensagem.



"O que assusta na morte é a sua dura condição de eternidade" Evely Libanori

Este livro é uma oração. Definitivamente, além de boa literatura, é uma prece de um narrador que, ajoelhado, rodeado de outros animais, olha para o céu e reza para um Deus de bondade, um Deus capaz de fazer milagres. Um Deus que possa cuidar de nós.

Este livro é um grito. Uma explosão vinda diretamente das entranhas de alguém que não pode mais suportar a dor da desigualdade, da indiferença, da paixão. Um vulcão em erupção cuspindo um grito de socorro ensurdecedor. Um coração acelerado. Uma voz que deve ser escutada.

Com textos curtos, frases ligeiras e linguagem de fácil compreensão, tudo muito bem escrito, Evely conversa com o leitor de modo a comovê-lo, sensibilizá-lo e, ao mesmo tempo, chacoalhá-lo, fazendo-o refletir sobre os seus atos cotidianos, suas atitudes com relação aos outros animais, o modo como, de fato, a maioria de nós interage com eles.



Confesso que me pegou desprevenido o lirismo de “Pulsação”, pois tem algo a mais de poesia que os outros textos. Gostei muito! A poesia sempre me atrai, mesmo na prosa. Sobretudo na prosa.

Se Clarice Lispector pudesse ler “Os mimadinhos filhos de Deus” diria que esse texto também é um soco no estômago e, como o resto do livro, um tapa na cara. Um golpe certeiro. Que dói! Pois nos faz pensar sobre o nosso lugar no mundo e qual a nossa relação de fato com tudo que nos circunda, o que criamos, o que somos, o que deveríamos ser, se racionais deveras fôssemos.

E quanta agonia, quanta dor, quanto sofrimento em “Ela mata gatos, não mata?”. Quem já perdeu algum animal de estimação vai se sensibilizar muito com a história da gata Bárbara e seus filhotes. Uma crônica que mostra o quanto o ser humano pode ser cruel. Muito mais cruel do que qualquer outro animal na natureza porque tem consciência do que está fazendo, sabe exatamente a atrocidade que comete e ainda assim não toma outra medida. Estou falando exatamente de Nós, animais.

E a história do bem-te-vi Benjamin?! Impossível não se emocionar! O ser humano deveria passar mais tempo com a natureza! Respeitando-a, amando-a, partilhando-se em meio a ela. No que nos diferenciamos de um pássaro, em termos de essência? Pode haver (mais) amor entre seres de espécies diferentes. Deve haver igualdade. Deve haver mais sensibilidade. Segundo a autora, "O tempo precisa parar para que haja ternura".

Por fim, o livro nos marca com uma grande interrogação: “Quem sou eu?”. A nossa essência é posta em xeque. Leitura recomendada.

Título: Nós, animais
Autora: Evely Libanori
Editora: Livre Expressão
Gênero: Crônicas
Ano: 2014
Páginas: 98
Contém ilustrações
Marco Hruschka

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Quem sou eu?

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Maringá, Paraná, Brazil
Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.

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"A cumplicidade é um roçar de pés sob os lençóis da paixão." M.H.

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